domingo, 22 de julho de 2012

Análise: Dragon's Dogma (PlayStation 3, Xbox 360)

Dragon's Dogma.

Dragon’s Dogma é um Dark Souls mais arcade; um Skyrim com batalhas mais empolgantes; um Monster Hunter com menos variantes de dinossauros e mais goblins, ogros e ciclopes com capacetes. Esse RPG mundo aberto da Capcom é cria de Hideaki Itsuno, que dirigiu Devil May Cry 3, e de Hiroyuki Kobayashi, que produziu Resident Evil 4. Dogma não tem traços desses dois clássicos, mas bebe (com moderação e responsabilidade) de várias outras fontes.
Diz a lenda que existe um grande dragão vermelho maligno que aparece de vez em quando. A cada visita ele escolhe um humano – o Arisen – e decide comer-lhe o coração. Esse pobre diabo passa a ser o encarregado de perseguir o monstro cuspidor de fogo e tem, para isso, a ajuda de uma legião de guerreiros chamados “Pawns” (“Peões”, na nomenclatura do xadrez), seres de outra dimensão que vivem só para servir.
Começa aí a desculpa para passear por Gransys, um reino não tão vasto quanto as terras nórdicas de Skyrim, mas vasto o suficiente. E variado o suficiente também (até mais que no jogo da Bethesda). Em uma caminhada curta você pode tropeçar em uma estradinha campestre com coelhos e flores, uma praia com navios encalhados e um bosque com bandos de goblins irritantes. Depois andar por um caminho montanhoso infestado por harpias e ser surpreendido por uma manticora que estava dormindo logo ali e você nem tinha percebido.

Dragon

Na verdade, a Capcom já venceu na vida por criar um jogo cujos dias têm vários climas diferentes. Há manhãs ensolaradas, céus nublados e horizontes tão escuros que às vezes a melhor coisa é dormir por mais 24 horas até o tempo melhorar. Os monstros que povoam o mundo também mudam, dependendo se é dia ou noite.
Frente a essa grande quantidade de incertezas do caminho, uma grande quantidade de armas medievais de destruição em massa. O Arisen e sua gangue têm acesso a habilidades de mago, guerreiro, arqueiro-com-adaga, mais versões avançadas de cada uma dessas classes e misturas entre elas. E você fatalmente vai quer experimentar uma ou outra até montar o grupo perfeito para cada situação, não só pelo fator estratégico, mas também porque é divertido experimentar coisas novas.
O barato em Dragon’s Dogma é, justamente, a viagem. Aqui não tem “fast travel” leite-com-pêra: se você resolveu andar até longe demais, anoiteceu e você não está enxergando nada à sua volta, vai ter que voltar até a próxima cidade a pé antes que um bando de 15 ladrões de estrada passe por ali. E você vai apanhar deles, por que o jogo é cruel: apesar de existir a liberdade de ir para (quase) onde quiser quando você quiser, esses encontros servem como limitadores “naturais” que mostram quando você está indo longe demais.
Mesmo assim, a viagem vale a pena. Os rios, as montanhas, a pessoa que pode aparecer em perigo no horizonte, a fogueira em meio à escuridão que pode significar abrigo ou um acampamento de inimigos. A satisfação em abater uma meia-dúzia de homens-lagartos invisíveis e descobrir que existe uma fonte rejuvenescedora a alguns metros de distância. Tudo isso é especial. É quase a mesma sensação de mergulhar no desconhecido de um Dark Souls.

Dragon

Os Pawns, seus companheiros do outro mundo, são quase Pokémons com armadura. Até três deles podem acompanhar você ao mesmo tempo, sendo um seu (que pode ser personalizado à vontade), e outros dois recrutados da Xbox Live ou da PlayStation Network. E, na verdade, esse sistema resolve bem a triste falta de multiplayer do jogo. Porque você pode emprestar e pegar emprestados os Paws dos seus amigos, e eles evoluem durante as aventuras.
Se, por exemplo, você levar a minha Pawn em uma missão que eu já tenha completado mas você não, ela vai dizer por onde ir, revelar onde os inimigos estão escondidos, quais as suas fraquezas, e por aí vai. O único problema é que a sua tropa nunca cala a boca e sempre faz os mesmos comentários idiotas. “Nossa, que ruína é essa? Será que é um castelo?”, sendo que vocês acabaram de sair de lá de dentro… e era um raio de um castelo.
A viagem sublime não é feita só de tijolos dourados, como deveria ser. Encontros com os mesmos inimigos nos mesmos lugares tornam alguns dos passeios mais longos do que parecem, dão uma certa preguiça e, apesar de existir um item de “fast travel”, ele é caro e só manda você de volta para Grand Soren, a capital de Gransys. A história demora muito para engatar, e é fácil morrer na estrada se você estiver desatento.
Ainda assim, Dragon’s Dogma é uma experiência de RPG com ação intensa, emocionante e divertida. Com problemas técnicos que você pode tranquilamente ignorar, se o seu negócio é derrubar um ciclope com uma fechada no olho só porque você pode.

DRAGON'S DOGMA

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Dragon’s Dogma é um RPG em mundo aberto que traz influências de Skyrim e Dark Souls, mas que se distingue principalmente pelas incríveis criaturas mitológicas que povoam seu universo. Ele tem vários probleminhas técnicos, mas nenhum deles me incomoda, mesmo mais de 40 horas depois, quando eu taco fogo nas asas de um grifo gigante em pleno voo, meu amigo guerreiro se pendura no lombo do bicho, e dois arqueiros distantes alvejam o monstro. Isso não é defeito, é felicidade.
Plataformas: Xbox 360 e PlayStation 3
Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Lançamento: 22 de maio de 2012
Preço: R$ 199,90



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